Um mover d’olhos, brando e piadoso,
sem ver de quê; um riso brando e honesto,
quase forçado; um doce e humilde gesto,
de qualquer alegria duvidoso;
sem ver de quê; um riso brando e honesto,
quase forçado; um doce e humilde gesto,
de qualquer alegria duvidoso;
um despejo quieto e vergonhoso;
um repouso gravíssimo e modesto;
uma pura bondade, manifesto
indício da alma, limpo e gracioso;
um repouso gravíssimo e modesto;
uma pura bondade, manifesto
indício da alma, limpo e gracioso;
um encolhido ousar; uma brandura;
um medo sem ter culpa; um ar sereno;
um longo e obediente sofrimento:
esta foi a celeste formosura um medo sem ter culpa; um ar sereno;
um longo e obediente sofrimento:
da minha Circe, e o mágico veneno
que pôde transformar meu pensamento.
Luís de Camões
Fonte: Manual Plural 10, Lisboa Editora
Amor, de significado, “Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atracção!; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa.”.
ResponderEliminarComo tudo o que existe, também a definição de amor sofreu uma evolução (não muito positiva, do ponto de vista dos mais românticos) ao longo dos tempos. Desde a época camoniana que o modo como o amor é interpretado tem vindo a alterar-se.
Camões defendia na sua poesia um amor platónico, perfeito, um amor espiritual, puro, verdadeiro … Amor este bastante contrário àquele a que assistimos presentemente. Hoje em dia, vemos que o amor vem sempre acompanhado de um desejo carnal. O amor do presente pouco tem de platónico ou de simples. O de hoje é verdadeiramente aristotélico.
Actualmente, existe amor apenas quando existe contacto. Para alguém dos dias de hoje, o amor é perfeito quando pode ser vivido, quando pode ser transposto do coração para o real, para a aproximação, pois só assim estas pessoas podem estar certas de que o que vivem é autêntico, quando sentem que amam e que o sentimento é recíproco.
Ana Meireles 10ºB ESV