"Camões e a tença", Sophia de Mello Breyner, Grades (1970)
Irás ao paço. Irás pedir que a tença
Seja paga na data combinada. Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde País que tu nomeias e não nasce.
Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
E sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou ser mais que a outra gente.
E aqueles que invoscaste não te viram
Porque estavam curvados e dobrados
Pela paciência cuja mão de cinza
Tinha apagado os olhos no seu rosto.
Pois não te pedem canto mas paciência.
Este país te mata lentamente.
Fonte: luso-poemas.net
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