Tanto de meu estado me acho incerto, que em vivo ardor tremendo estou de frio; sem causa, juntamente choro e rio; o mundo todo abarco e nada aperto. É tudo quanto sinto um desconcerto; da alma um fogo me sai, da vista um rio; agora espero, agora desconfio, agora desvario, agora acerto. Estando em terra, chego ao Céu voando; nu~a hora acho mil anos, e é de jeito que em mil anos não posso achar u~a hora. Se me pergunta alguém porque assim ando, respondo que não sei; porém suspeito que só porque vos vi, minha Senhora. Luís de Camões Fonte: Manual Português + 10º ano, Areal Editores |
terça-feira, 24 de maio de 2011
Soneto "Tanto de meu estado me acho incerto"
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário